quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Para onde as coisas simples foram?

Não escrevo muito. Esta era a regra. O relógio marcava o tempo, o vento marcava a janela, mas a caneta não marcava o papel. Vagamente arrastando o olhar pesado e perdido para fora, conseguiu de longe enxergar um casal de pássaros construindo um ninho em um galho de árvore. Eles cantavam sutilmente, já que todas as coisas descomplicadas são pequenas, simples e felizes. Fechando os olhos para criar uma foto mental do que tinha acabado de ver, por um instante esqueceu dos problemas, do papel e da caneta para fazer uma simples pergunta: 'Para onde as coisas simples foram?''. As pessoas ao seu redor estremeceram, e não lhe restou outra opção a não ser pedir desculpas. De repente, no meio do seu sutil devaneio, escutou algo que não era tão simples quanto o mundo que estava idealizando: o silêncio. O canto dos pássaros já não chegava a seus ouvidos. Levantou-se e foi até a janela descobrir o porquê. Duas crianças, rindo, seguravam estilingues nas mãos. O casal de pássaros estava morto - e seu ninho, nem terminado. Uma vaga lágrima escorreu no rosto daquele que nunca chorava: finalmente, por um simples fato, ato do acaso, da coincidência ou do destino, ele compreendera a resposta para sua pergunta.

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